Engraçado esta ‘coisa’ do Facebook, acaba de me trazer à memória, que faz dois anos que escrevi este texto, depois de uma noite de volta:
Nunca a minha cama me fora tão agridoce, estava feliz por vê-la e ao mesmo tempo não conseguia parar de pensar… Na noite, nas pessoas, nas surpresas… Nas ilusões desfeitas… Eu estava ali, mas a minha mente estava com aquela menina, que nas primeiras palavras me tinha explicado que um corte à rapaz era uma questão de piolhos!
Sabia que tinha que descansar, mas o tempo que alguém me tinha falado no início da noite, se era pouco para quem precisava de descansar era demais para quem queria soluções.
Olhei para cima e pedi por ti, prometi-me a mim mesma continuar optimista, e ter fé que amanhã aparecesse um futuro risonho na resposta que te iriamos encontrar…
Esta era a história da nossa Sara (chamo-lhe assim, pois o nome é algo pessoal), encontramo-la na Gare do Oriente, parecia-nos bem mais miúda que o era, só queríamos levá-la dali para fora, acabada de chegar à rua, vivera durante anos numa instituição. Foi difícil convencê-la a aceitar ajuda, pois não queria deixar o “primo” na rua sozinho.
Mas se a noite tinha sido dura, o dia seguinte não foi igualmente fácil, com poucas horas de sono, para não dizer nenhumas, fomos buscá-la à Gare para a levar à Emergência Social, e a partir daí a aventura. Conseguimos um albergue, depois ir buscar as suas coisas, resolver as pequenas necessidades do momento, e fazer km com isto. No final o dia o coração pequenino, estava ligeiramente mais animado, e a sensação de dever cumprido pairava sobre nós…
Por isso quando me perguntam porque faço voluntariado e eu respondo que é o meu acto mais egoísta é por isto, podíamos estar exaustos, podíamos estar mil e uma coisas, mas o que levámos para casa foi tão superior a tudo isto!