Ainda li o Às de Espadas em julho, mas confesso que a Faridah Àbíké-Íyímídé já estava há uns bons meses na minha estante da TBR.
Já deu para perceber que o mês de julho foi rico em leituras, mas pobre em reviews, porque ainda estou a publicar livros que li na altura. No entanto, antes atrasada nas reviews que nas leituras.
Às de Espadas veio da #TBR para a praia e leu-se num dia.
Este Young Adult aborda temas muito importantes como o racismo estrutural, a descriminação entre classes sociais e a homofobia. As nossas personagens principais, Devon e Chiamaka são os únicos alunos de raça negra de um colégio elitista “cheio de tradição”. E é esta “tradição” o principal gancho para autora descrever o elitismo por parte das classes altas caucasianas, que para mim é fantástica na forma como o faz.
Confesso que no início o livro me soou muito a Gossip Girl. Alguém começa a enviar mensagens a toda a escola revelando segredos dos alunos, no entanto são apenas Devon e Chiamaka os alunos expostos. Os dois vão ter que se unir, para perceber o que se passa e a fonte desta discriminação vai surpreender. Mais não digo, porque não quero dar spoilers.
O livro lê-se muito bem, porque todo o mistério e tensão nos mantém agarrados até ao último momento. No entanto, também parece ‘engonhar’ ali a meio, por alguns capítulos parecíamos não sair do mesmo ponto.
Nas suas notas, a autora deixa bem claro que queria falar de racismo e partilhar a sua história, na minha opinião fê-lo de uma forma original, todo o enredo está muito bem estruturado e embora algumas partes pareçam quase ‘fantásticas’, representam bem o que nos rodeiam. Pessoas dispostas a fazer de tudo para subir e dar cabo dos outros a todo o custo só para chegarem ao topo, há em todo o lado e nem sempre se conseguem distinguir das boas pessoas.
Este livro explora de uma forma única o ser-se um negro homosexual, a natureza sinistra e destrutiva da supremacia branca, o racismo e a forma em como ainda está institucionalizado e enraizado nas pessoas e, finalmente a descriminação social. Tudo está ligado, porque a partir do momento em que não se olha para as pessoas de forma igual, estamos a descriminá-las.
Recomendo este YA, não só a jovens adultos, mas também aos adultos. Acho que todos o devem ler.