Quarta-feira foi dia de ballet e voltei novamente à nostalgia… Mal entro na sala e vejo as barras, colocadas no centro, feliz digo à professora “vamos fazer barra hoje! Que giro!!!!” (óptima oportunidade para ter estado calada)
Como sempre penso e falo antes da experiência, ao fim de 10 minutos de primeiras posições, grand battments, e outras coisas mais (a cabeça não se recorda de mais nomes), toda eu era água! Já não sabia se morria afogada no meu suor, se mandava o lanche cá para fora (nota mental: sandes de paté de frango not good para aula de ballet), se me mandava ao chão e dizia o meu cérebro aos 30 já não decora mais de metade das sequências (volte professor Vítor está perdoado, que nos meus 18 os exercícios não eram longos…).
O que é certo, é que a nostalgia passou depressa, entre passos familiares e pensar que além de decorar tenho que ter atenção à postura, aos braços, às pernas, a tudo! O corpo de facto não esqueceu muita coisa, e muito fiz por instinto… Mas 12 anos de açúcares e coisas processadas no organismo não me permitiram a mesma resistência.
Hora e um quarto de tortura mais tarde: saímos da barra, fomos dançar para a frente do espelho, quando vejo os belos dos saltinhos (que gostava de me lembrar do nome, mas um dia quem sabe) penso ‘já foste! É óbvio que isto já foi tudo, lembro-me lá eu como é que isto se fazia’, a música começa e plim! Não é que as minhas pernas dançavam sozinhas! Para ser sincera eu já nem as sentia, mas elas lembravam-se dos passos certinhos! A seguir fomos para o canto, lá fiquei eu nostálgica novamente, mas desta vez durou nada mais nada menos que breves minutos, foi até ouvir “Piruetas!”.
Juro, que o meu cérebro gritou PIRUETAS?! PIRUETAS?! Salto, salto, salto e pirueta, na diagonal, na sala em grupo?! A minha vontade foi pousar as sapatilhas e perguntar ‘a aula das iniciadas é onde?’… Mas aquela professora, fantástica, enérgica, não deu espaço ao cérebro de comunicar à boca ‘RUN Forest RUN!’. E por isso, doze anos depois, DOZE ANOS DEPOIS, sim DOZE… Euzinha, voltei a rodar, eu e o meu corpo trintão destrambelhado que outrora fazia aquilo com uma perna às costas rodamos, e voltámos a rodar, e sempre a pensar a cabeça é a última a partir e a primeira a chegar eu voltei a fazer uma pirueta! Sem nunca cair fiz mais umas quantas (uma grande vitória, visto que tenho uma especial aptidão para cair até quando ando).
E aqui estou eu, encharcada da silva, e de sorriso de orelha a orelha no final da aula!
P.S. Isto foi antes das dores de coxas no dia seguinte…