A noite caiu, a cidade mergulha no silêncio e nem nas zonas mais turísticas o som se faz sentir… Saltamos da carrinha e vemos um novo mundo, uma nova Lisboa que muitos ignoram olhar…
Estão ali mesmo à beira, mesmo ao lado no Terreiro do Passo, dormem no cartão, no chão frio, tornam-se invisíveis como se as suas mantas tivessem poderes mágicos.
Caminhando pela invisibilidade do ser dirigimo-nos à luz, com o aconchego de um boa noite bem desejada e uma ceia que acalma a fome… É assim todas as noites, transformamos o roteiro turístico de Lisboa, numa caminhada pelas mesmas zonas, mas com outra cor, e tal como o ponto de vista a cidade muda, muda em tudo, até na vida.
Todos os rostos que encontramos contam uma história, desprovida de fotografias, de momentos de euforia ou de qualquer outra forma de quem veio passear. Pelo contrário são memórias de uma vida, rica mas sofrida, uma vida que nos fascina a cada palavra.
O relógio bate a meia-noite, agora todas as Cinderelas já viraram abóbora e tabém os nossos passos, ouvimos ao longe as badaladas do relógio e olhamos em redor, conversamos sobre o tempo, o dia, a saudade… Ninguém parece querer ir embora, mas para quem o aclarear da madrugada serve de despertar é hora de recolher.
Boa noite, despedimo-nos daí a horas de uma outra cidade que poucos conhecem e aceitam…