Adoro sentir na minha pele os pingos de chuva fria, num dia de calor.
Sinto o vento no ar, apesar do calor, as nuvens pintam-se de preto e já se ouve lá ao longe…
De repente o vento tronar-se quente e as gotas com toda a sua força beijam-me a pele evaporando em seguida. O doce cheiro a terra molhada invade-me as narinas… E eu… Estendo os braços para abraçar a chuva, danço com as gotas, revitalizo a cada segundo.
Em dois minutos a trovoada passa, medonha, irreverente, leva consigo tudo à frente. Mas com ela vai também o meu lado sombrio. Sorrio, o que não me pertencia já foi, evaporou com as gotas ao tocar o chão a ferver, deixando muito poucas evidências da sua existência.
Recolho-me ao meu canto, lá fora o sol já voltou, apenas o som ao longe continua, como se não tivesse acontecido nada a vida segue calmamente.