Hoje chegamos ao final da minha caminhada no Kadampa e por isso partilho convosco as últimas anotações do caderno que me seguiu nesta aventura espiritual.
“Não podes esperar que as pessoas vejam como tu, porque a única forma certa de ver é com o coração”, disse-me enquanto me ouvia suspirar sobre o que me desinquietava o pensamento.
“Não posso dizer é esta a verdade, quando eu não sei qual é a verdade, quando tu não sabes qual é a verdade. Posso dizer-te que todos vemos o mesmo objecto, mas todos temos ideias diferentes dele, porque todos temos conceitos diferentes e se temos conceitos diferentes não vemos da mesma forma. Eu entendo quando dizes que as pessoas estão loucas, mas não estão, tu é que mudaste. Tu criaste expectativas, esperanças… e agora estás cansada de não veres o que queres, desapega-te e segue o teu foco, não desmotives da tua missão só porque achas que os outros não têm a motivação certa. As pessoas preocupam-se em ter coisas e mais coisas, porque a cabeça lhes diz que têm que ter coisas, mas na realidade o que acontece é que não sabem nada, porque poucos vêem com o coração. É aí que está a verdade.”
Sorriu-me e voltou a mexer os legumes, a sua paixão estava na cozinha e nas belas receitas que concebia.
Sempre que eu podia “fugia” para a cozinha só para o ouvir, era sempre divertido aprender com ele, nada era por acaso.
Naquele dia aprendi a fazer um arroz único que apurava todos os sentidos.