Apartamento Partilha-se de Beth O’Leary foi outro dos livros que tive que ler este mês, por causa de um Clube dos Livros, o Spill the Tea – Book Club. Confesso que ainda me estou a habituar a estes conceitos de Clubes do Livro virtuais, andam muito rápido, mas têm sido divertidos.
Ironicamente este livro ‘caiu-me’ no colo porque eu queria que a leitura deixasse de ser solitária. Gostava de ter algumas pessoas com quem falar enquanto lia, sobre aquilo que lia. O Spill the Tea e o Under the Pages book club foram os dois em que me inscrevi.
Em primeiro lugar, ainda que o ritmo das comunicações seja alucinante, estou a gostar das experiências, em segundo espero que o próximo mês corra melhor.
Voltando ao livro, passando pela minha livraria de eleições, admirei várias vezes a sua capa, mas o medo de ser mais um romance fez com que largasse sempre o osso. Agora com este incentivo, ‘mandei-me’ a ele e li de fio a pavio. Não, esta não é mais uma história de amor, este não é apenas um romance, este livro é um alerta, uma lição. É preciso ler nas entrelinhas para perceber que o que se passa naquele apartamento vai além de post-its que dois desconhecidos se deixam um ao outro, os post-its integram uma história bem mais profunda. Duas pessoas com uma grande bagagem a darem os primeiros passos no conhecimento mutuo.
Atenção, que a bagagem que trazem estas personagens não é facil, mas nas palavras de Beth O’Leary tudo parece sempre tranquilo. Tudo tem o lugar certo na hora certa e até o trauma que a nossa menina trás com ela, não nos é logo revelado. Aos poucos, vamos tomando consciência (juntamente com a personagem) do que é um abuso psicológico, do que é viver numa relação de codependência, do que é ter um stalker. A autora consegue criar este caminho com as mesma forma subtil de que estes agressores nos controlam e é isso que está espetacular.
Claro que o pretexto para estas duas personagens se conhecerem está genial, um apartamento partilhado, por duas pessoas que trabalham em turnos diferentes. Quase como dizer “o sol e a lua nunca se misturam”, porque ele dorme de dia e trabalhar de noite e ela é o oposto. Na teoria e na prática, dão os colegas de casa perfeitos. Não se encontram, mas ainda assim comunicam e contra todos os cuidados iniciais acabam por achar piada a esta convivência.
É única.
Uma leitura divertida, calma e terna, que nos aquece a alma e a sede de amor e, ao mesmo tempo, nos deixa um apelo para o mundo lá fora.
Curiosos? Podem adquirir o livro aqui.