“És como uma música de Jason Mraz.” – palavras que jamais esquecerei, quando descobri o lado montanhoso de Barcelona.
Palavras simples ditas há muitos anos que hoje ecoaram na minha imaginação, quando tropecei num concerto de Jason Mraz. Hoje percebo tudo o que queria dizer, percebo ainda mais que algures no caminho perdi algumas dessas características.
As músicas dele levam-me a um estado de espírito livre, sem preocupações, com soluções e muito poucos problemas, porque os problemas têm a dimensão que lhes damos. Posso optar por ficar parada e ter pena de mim ou levantar-me e ir à luta. Se houve coisas menos boas deste confinamento, foi que nos virou para dentro.
Fechámo-nos em casa, fechámo-nos dentro de nós próprios, abafámos o medo e isolámo-nos de sentimentos. Sobrevivemos cada dia na expetativa de nos deixarem sair, tendemos a querer correr sem direção e sem propósito. Como se nos tivessem roubado a liberdade e nos obrigassem a desconfiar um dos outros, vamos caminhando dia após dia, sem reparar que lá atrás despimos os nossos seres, ao procurar estratégias de sobrevivência.
Hoje a música de Jason Mraz leva-me a Barcelona, para as montanhas, onde teria estado há um ano se não fosse a pandemia. Hoje reencontro um bocadinho de mim, aquela parte que quer despir esta nuvem negra de mau humor, desprovida de esperança que me assombra desde que me fechei.
Lá fora o Sol convida a uma corrida, a um sorriso, a um dia novo onde existem um milhão de oportunidades… Esperançosa aumento o volume da música e danço na cadeira. Mesmo confinada posso ser livre! Posso largar o que me irrita e abraçar o que me faz sorrir. Posso fechar os olhos e imaginar-me nos lugares que tantas saudades me deixam…
Como alguém um dia me disse: “se eu tiver saudades tuas basta-me fechar os olhos e imaginar que estás ao pé de mim, não preciso de ligar ou escrever um e-mail, basta pensar em ti e estou ao pé de ti” ver os Ensinamentos do Monge.